quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

ÍNDIOS: OS PRIMEIROS HABITANTES DO RIO GRANDE DO SUL



Alguns dos costumes mais tradicionais dos gaúchos como o churrasco e tomar chimarrão são heranças indígenas. Por isso, o conhecimento sobre esses primeiros habitantes dos pampas se torna fundamental para a compreensão da história do Rio Grande do Sul.
Os indígenas que viviam nas terras onde hoje é o Rio Grande do Sul, antes da chegada dos europeus, pertenciam a três grupos: os guarani, os jê e os pampianos. Os guarani ocupavam o litoral, a parte central até a fronteira com a Argentina, os jê habitavam parte norte junto a Santa Catarina e os pampianos se localizavam ao sul junto do Uruguai.
            Os guarani também conhecidos como tape, arachane e carijó eram o grupo indígena mais numeroso da região. Habitavam principalmente os vales dos rios e as margens das lagoas, onde a caça e a pesca eram mais abundantes. Os guarani coletavam diversos tipos de moluscos, frutos e raízes e cultivavam principalmente o milho e o aipim, mas também plantavam feijão, abobora e batata. Suas moradias tinham uma estrutura de madeira cobertas com fibras vegetais, em geral de base circular. Essas habitações denominadas de ocas eram habitadas por diversas famílias com grau de parentesco entre si. Uma aldeia, normalmente era formada por três a seis ocas. Os guarani foram os grupos que formariam mais tarde os povos missioneiros, catequizados pelos jesuítas espanhóis.
            Os índios do grupo jê que ocupavam o planalto Norte-Riograndense. Os kaingang que constituem a maior parte dos indígenas que vivem hoje em terras gaúchas faziam parte desse grupo. Os jê viviam da caça, da pesca e da coleta de frutos e raízes. Também praticavam a agricultura, cujo principal produto era o milho. Para se proteger do frio moravam em casas “subterrâneas”. Eles cavavam buracos no chão, que tinham aproximadamente dois metros de profundidade e cinco metros de largura e protegiam esse buraco com um telhado feito de galhos de árvores cobertos por ramos de palmeira. Os jê foram sendo expulsos de suas terras pelos brancos que iam chegando ao território. Muitos de suas aldeias foram simplesmente massacradas. No século XIX, os poucos jê que sobraram e que haviam sido um dia os senhores do planalto, foram obrigados a viver em pequenas reservas.
            Os pampianos, grupo formado principalmente pelos charruas e minuanos, eram o povo indígena menos numeroso. Viviam principalmente nos campos e em áreas com bastante água, pois nelas haviam abundancia de recursos para a pesca e caça. Diferentemente dos guarani e jê, os pampianos não praticavam a agricultura. Viviam da caça, da pesca e da coleta de frutos e raízes e logo incorporaram os animais trazidos pelos europeus à sua vida. Os cavalos eram utilizados como meio de transporte e para auxiliar na caça. O gado bovino servia de alimento. Com a ocupação de suas terras por portugueses e espanhóis, os pampianos foram obrigados  a ir cada vez mais para o interior. A escassez de recursos provocou a fome, e a situação se agravou com as epidemias e as guerras. Muitos deles foram trabalhar nas fazendas dos colonizadores europeus. Os pampianos que restaram foram massacrados por tropas uruguaias na década de 1830.
Dos grupos indígenas que habitavam o Rio Grande do Sul à época da chegada dos europeus restam somente 40 mil, dos quais somente 13 mil vivem nas reservas ou em aldeias. Os pampianos foram completamente dizimados ainda no século XIX. Os poucos jê que restaram pertencem ao grupo kaingang e os guarani tentam sobreviver e enfrentam diversas dificuldades, principalmente em relação a demarcação de suas terras.
            As áreas destinadas aos kaingang estão relativamente demarcadas. Elas, no entanto, são muito pequenas para o numero de índios que nelas habitam. Isso ocorre porque as reservas originais criadas no século XIX, perderam grande parte de sua área devido a invasão de pecuaristas e extrativistas e ao assentamento de colonos. Ainda hoje, os índios disputam suas terras com os agricultores que foram assentados entre as décadas de 1940 a 1960. Além disso, o constante uso do solo acabou o degradando, tornando a produção insuficiente para alimentar as famílias. Tal situação faz com que a maioria dos kaingang viva na miséria e muitos até passam fome.

            Os guarani hoje são pouco mais de mil que vivem no Rio Grande do Sul, a maioria no litoral. A constante migração dos guaranis dificulta a comprovação histórica com as áreas que eles habitavam e a sua demarcação. Por isso muitas famílias de guarani vivem hoje ao longo das rodovias.(Adaptado de Felipe Piletti - História Regional - Rio Grande do Sul).